PAÍSES | TURQUIA | 10 MOTIVOS PARA VISITAR


Localizada na confluência de dois continentes, com fronteiras com oito países, e banhada pelos Mares Negro, Egeu, Mármara e pelo Mediterrâneo, a Turquia foi ao longo da história muito cobiçada por diferentes povos. Pela sua localização estratégica, foi palco de variadas invasões e tentativas de ocupação. Este passado confere-lhe uma rica herança cultural, sendo ao longo do país claras as evidências dos diferentes povos, nomeadamente seljúcidas, bizantinos, mongóis, romanos e otomanos, que por ali tentaram estabelecer morada. 

A Turquia foi também bafejada com impressionantes paisagens e alguns fenómenos naturais pouco comuns. 

O desejo de conhecer a vibrante Istambul e visitar o castelo de algodão - Pamukkale, as chaminés de fada da Capadócia e a cidade de Ephesus foram os principais motivos que nos levaram a decidir viajar pela Turquia. 

Agora deixo-vos 10 motivos para se apaixonarem pela Turquia. Certamente, ficam muitos mais por apontar.  

#1 - Istambul

Mescla perfeita entre oriente e ocidente, a antiga Constantinopla é o rosto de um país que luta pelo seu lugar na Europa, mas que é profundamente marcado por uma identidade oriental. 

Quarta maior cidade do mundo, e a segunda mais populosa da Europa, objetivos como vibrante, caótica, misteriosa, ou apaixonante têm sido utilizados para descrever Istambul. 

Atravessando a Praça Taksim, começamos a explorar a cidade pela Rua Istiklal que, repleta de pessoas, restaurantes, e lojas, é a prova de que Istambul é outra cidade que não dorme! 

Da nossa passagem por Istambul ressalvamos o passeio pelo Bósforo, a visita aos bazares (Grande Bazar e o Bazar Egípcio), o Museu Hagia Sophia, a Mesquita Azul, o Palácio de Topkapi, e a Cisterna bizantina. 

O passeio pelo Bósforo oferece vistas únicas sobre a cidade, que parece não ter um único espaço por preencher.


Durante o passeio de barco, podemos apreciar paisagens urbanas muito distintas. 

De um lado, acima do aglomerado de casas vemos a Torre de Galata, um dos marcos da cidade. (Se tiver oportunidade não deixe de subir a torre para obter vistas espetaculares sobre a cidade). 


Do outro lado, características casa de madeira mostram um lado menos caótico da cidade. 


A Ponte Fatih Sultan Mehmet é uma das pontes que faz ligação entre Istambul asiática e Istambul europeia.


A Hagia Sophia foi originalmente construída como um templo católico, no séc. VI, merecendo o título de maior igreja do mundo, até meados do séc. XV, quando foi transformada em mesquita.  É um belíssimo exemplar da arquitetura bizantina.


Os candeeiros no interior criam uma atmosfera acolhedora.


O mosaico bizantino de Jesus Cristo é um dos elementos mais conhecidos do Museu.


A Mesquita Azul, construída no início do séc. XVI para rivalizar com a vizinha Hagia Sophia, é a única mesquita em Istambul com 6 minaretes. Deve o seu nome ao conjunto de mosaicos de cor azul que decoram o seu interior. 


Os detalhes decorativos da mesquita azul são de um pormenor impressionante, com os tons de azul a predominarem nos vitrais e mosaicos da mesquita.



Ao visitar o Palácio de Topkapi, erguido no início do período otomano (segunda metade do século XV) e residência de sultões por três séculos, ficamos com uma melhor perceção do que é a vida num sultanato. 

O museu está dividido por várias salas de exposição que exibem objetos muito variados, desde roupas, jóias, armas, talheres, mobília diversa, tronos, assim como algumas relíquias sagradas. 

Para além desta componente pedagógica, os elementos decorativos são soberbos! 


Deambulando pelos seus jardins, pátios e salas é difcíl de conceber que este palácio ocupa uma área de 700.000 m2 e é rodeado por 5km de muralhas.


Não deixe de registar as vistas para o Bósforo.


Num registo menos sumptuoso também visitamos a Cisterna da Basílica, uma estrutura utilizada para armazenamento da água da cidade durante o Império Bizantino. É a maior cisterna de Istambul e está em ótimo estado de conservação. Depois de abandonada e utilizada como armazém para madeira, foi reaberta para visita.


Os bazares dispensam apresentação - Bazar Egípcio ou das Especiarias (o nosso preferido) ou o Grande Bazar. Dedique algumas horas para testar os seus sentidos, e paciência, também.


#2 - A devoção a um líder - Mausoléu de Atatürk - Ankara

Um dos aspetos que mais nos impressionou foi o respeito e devoção deste povo a Mustafa Kemal Atatürk, uma mensagem que passa facilmente pela imponência do Mausoléu que lhe foi erguido. 


O herói nacional, fundador e primeiro presidente da Républica da Turquia, e a quem o país deve o seu nome, jaz sobre a capital do país. 


Para além da devoção a um líder, este espaço é símbolo do patriotismo Turco. É arrepiante a convição dos militares, que fazem da troca de guarda, um verdadeiro momento de afirmação.


 #3 - Kapadokya

Quando falamos em Capadócia automaticamente vizualizamos formações geológicas únicas (chaminés de fada) e as suas paisagens frequentemente descritas como lunares, dada a predominância e tonalidade das rochas. 

Esta região deve a sua geologia peculiar a fenómenos vulcânicos e à erosão ao longo de milhões de anos. 

A baixa densidade das rochas permitiu também o surgimento de construções originais, sendo que, em vez de eregir, o Homem da Capadócia escavou nas rochas as suas habitações e espaços de culto, alguns dos quais com admiráveis frescos. 

O Parque Nacional de Göreme tem uma grande variedade de edifícios trogloditas -  ou seja escavados em rochas - e a maior concentração de construções religiosas trogloditas de toda a região, à qual deve o título de Património Mundial pela UNESCO.


Na imagem que se segue conseguimos ver as inscrições religiosas na pedra, assinalando a religiosidade do espaço. 


Perto de Göreme fica a vila de Uçhisar, que em turco significa "três fortalezas". O seu ponto mais emblemático é o Kale ou Castelo de Uçhisar, que situado a 1300m de altitude é a estrutura de pedra mais alta da Capadócia e pode ser visto a km de distância. Esta estrutura tem sido utilizada como abrigo desde a época hitita - de 1 a 500 a.C., assim como foi utilizada pelos romanos e bizantinos. 


Alguns dos edifícios são ainda habitados, outros foram transformados em hóteis.


Já comentamos que a Capadócia é incrivelmente fotogénica?


Nos arredores do castelo encontramos alguns vendedores de rua. 


Seguindo para o almoço, conseguimos observar uma face mais moderna da Capadócia.


Dada a sua localização central estratégica entre o Ocidente e Oriente, a Capadócia sempre foi muito disputada por diferentes povos. Procurando proteção, o povo encontrou nas rochas de baixa densidade uma solução para os constantes ataques - a escavação de cidades subterrâneas.

As cidades subterrâneas  são cidades completas, possivelmente ligadas entre si, construídas subterrâneamente, cerca de 5 séculos A.C. São cidades destinadas à defesa, cujas entradas estavam escondidas e ligadas às casas, para que as pessoas podessem fugir, sem serem vistas pelos inimigos. O povo da Capadócia movia-se entre as cavernas, levando inclusivamente os animais domésticos consigo.


Atualmente foram identificadas cerca de 36 cidades subterrâneas, algumas das quais ainda hoje em dia utilizadas para a conservação de géneros alimentícios, como por exemplo limões.

Visitamos a cidade de Özkonak que, pouco movimentada, permitiu uma visita descontraída.  A característica distintiva de Özkonak, quando comparada com as cidades mais conhecidas de Kaymaklı e Derinkuyu, é um sistema de comunicação de tubos que alcança todos os seus níveis, permitindo a ventilação de cada sala quando a cidade estava cerrada por portas de pedra durante os cercos dos invasores. No primeiro andar, algumas aberturas para a superfície permitiam esta ventilação, assim como a descida de alimentos.


Özkonak estende-se por 10 pisos, ao longo de uma profundidade de 40m, e conseguia abrigar 60,000 pessoas durante até 3 meses. Atualmente conseguimos aceder a 4 desses pisos.  Como uma cidade comum na altura, as cidades subterrâneas têm moinhos de água, sistema de ventilação, poços sépticos, capelas, salões fúnebres, salas de jantar e estar, cozinhas com fogão de pedra, quartos, casas de banho, e adegas.


Algumas estratégias eram utilizadas para combater os inimigos como o lançamento de lanças através de buracos nas pedras, ou derrame de óleo fervido aos inimigos que se aventuravam pelos corredores. 

Esta cidade tem outra particularidade - o espetáculo que foi montado à sua saída por mulheres que encontraram na venda de bonecas, que entretanto se tornaram símbolo da cidade, uma forma de ganhar dinheiro.   

Na Capadócia podemo-nos perder entre os vales e reservar vários dias de caminhadas nos mesmos. Pode escolher entre o Vale dos Pombos, o Vale de Pasabag (ou Vale dos Monges), o Vale branco Akvadi, o Vale Rosa e Vermelho, Vale do Amor, entre outros.   

O vale de Pasabag é conhecido pelas chaminés de cogumelos, de aspeto perfeito. Este vale também é  conhecido como Vale dos Monges, pois conta-se que no topo das chaminés abrigaram-se monges herméticos. 


Para testemunhar tudo isto apartir dos céus, o passeio de balão na Capadócia, é imperdível! 

Deixaremos que as fotos falem por nós!




#4 - Konya 

Em português Icónio, é a cidade principal da maior província e do maior planalto da Turquia, sendo também uma das maiores cidades do país. 

Em Konya destacamos o Lago Tuz, as paisagens por todo a bacia de Konya e o Museu de Mevlana. 

O Lago Tuz, em turco Tuz Gölü, é o segundo maior lago da Turquia, com 80 km de comprimento por 50 de largura. No Verão, com a evaporação da água, o sal faz uma plataforma de cerca de 30cm de espessura sobre a qual se pode caminhar.  A Turquia é um grande produtor de sal, produzindo a maior parte do sal que consome, pelo que durante a viagem de autocarro podemos ver diversas salinas ao longo do lago. A sul deste lago, num grupo de ilhas, situa-se a a principal colónia de crias do flamingo Phoenicopterus. 



 Nos arredores do Lago Tuz existem também algumas explorações agrícolas, neste caso específico, de bovídeos.


As paisagens que acompanham este percurso são espetaculares.   


Mevlana ou Rumi foi um filósofo e místico praticante da tolerância, positivismo e bondade. Foi o fundador dos derviche dançantes. A sua mensagem apela ao respeito entre credos, e por isso o museu que lhe é dedicado e onde reside o seu túmulo - o Museu de Mevlana - merece uma visita.


#5 - Pamukkale e Hierápolis 

Este conjunto natural e cultural foi declarado Património Mundial da UNESCO em 1988. 


Literalmente castelo de algodão, uma visita a Pamukkale não desilude. O contraste do mármore travertino branco, com o céu e natureza envolvente é uma visão espetacular!


Ao longo dos séculos a água foi procurando o seu caminho desenhando bacias gigantescas que parecem dirigir-se em cascata em direção a Denizli. Sinto-me tão sortuda por poder testemunhar esta maravilha da natureza. 

Prepare-se para passar umas horas relaxantes por aqui enquanto contempla este espetáculo da natureza. 


Pamukkale está rodeada das ruínas da cidade romana de Hierapolis, fundada no século II a.C. Entre as ruínas destamos o teatro romano, em bom estado de conservação. Vale a pena esticar a caminhada até ao teatro.


#6 - Aldeia de Karahayit 

Na Aldeia de Karahayit encontra-se a irmã ruiva de Pamukkale - red Pamukkale, que apesar de ser de dimensão muito inferior, caracteriza-se pelo avermelhado das suas águas, que também tem temperaturas mais  elevadas. 

No entanto, o nosso destaque vai para o centro desta aldeia, onde tivemos uma das experiências mais enriquecedoras culturalmente desta viagem e o contacto mais autêntico com a cultura e população turcas. 

Após o jantar decidimos explorar a aldeia e atrevo-me a dizer que eramos os únicos turistas a circular pela Avenida Ataturk  (infelizmente deixamos a máquina fotográfica no hotel). Esta avenida está repleta de mercadores de rua, restaurantes, cafés, talhos, peixarias, barracas de vegetais e fruta, gelatarias, lojas de eletrónica, e por aqui vende-se tudo o que se possa imaginar, e até alguns itens, especificamente no talho e peixaria, que não consegui identificar. 

Em termos da dinâmica social, percebemos claramente a divisão entre homens e mulheres, em que uns e outros convivem em grupos separados. Os homens nos restaurantes e cafés assistem animados ao jogo de futebol, enquanto as mulheres cochicham na rua. Percebemos também que jantam muito tarde e que fazem da rua o seu espaço de convívio. 

#7 - Ephesus


Situada em Izmir, Eféso foi uma cidade grega antiga construída no séc X a.C, e durante a governação romana chegou a exibir o título de segunda maior cidade do Império. Com 250 000 habitantes foi ainda a segunda maior cidade do mundo no séc. I a.C. 

O templo de Ártemis, uma das sete maravilhas do mundo antigo, é um dos seus elementos mais conhecidos, a par da Biblioteca de Celso e do Grande Teatro.  

É também um lugar com marca na religião cristã, uma vez que, para além de ter sido sede de vários conselhos cristãos no séc. V, ainda se coloca a hipótese do Evangelho de João ter sido aqui escrito. 

Integra a lista do Património da Humanidade da UNESCO desde 2015. 



 Considerada uma das cidades berço da filosofia, a presença desta biblioteca reforça a importância de Efésos na disseminação de conhecimento. Hoje em dia, é um dos poucos exemplares de uma biblioteca de influência romana.

Esta biblioteca, erguida em honra do senador romano Tibério Júlio Celso Polemeno, foi convertida num mausoléu, acolhendo nos dias de hoje o sarcófago do senador. 


Apesar de construído pelos gregos, o Grande Teatro, com as características que vemos atualmente, é obra dos romanos, que o ampliaram e transformaram à semelhança dos restantes teatros espalhados pelo império. É considerado o maior da Turquia. 

#8 - A gastronomia

Uma vez mais a beneficiar da sua localização estratégica a cozinha turca reúne simultaneamente características mediterrâneas e asiáticas. Daqui resultam conjugações e sabores únicos.

Da gastronomia mediterrânea tiraram ingredientes básicos como legumes frescos, frutas, azeite, azeitonas, carnes e peixe. As verduras estão habitualmente presentes nas refeições. As Sarmas , por exemplo, são feitas de folha de couve, repolho ou acelga recheadas, utilizadas como entradas acompanhadas de iogurte e limão.

A doçaria Turca é divinal. Sobremesas como Sütlac, Lokum, Baklava, Lokma são por si só um motivo para querer regressar à Turquia! Isto dito por quem não é grande apreciadora de sobremesas, no geral.

O pão turco também é muito bom! Pide, açma, simit, bazlama, lavash ou yufka (utilizado no baklava) é só escolher!


Ao pequeno-almoço ou ao lanche, as simit são argolas de pão turcas, deliciosas, que podemos acompanhar com com doce, queijo ou iogurte. Podem ser cobertas com sementes de sésamo, de papoila ou de nigella. Experimente também o borek.

#9 - Religião e misticismo

Do ponto de vista da aprendizagem, uma das características que mais nos impressionou na Turquia foi a marca da religião. Apesar da Turquia ser um estado laico, a religião é indissociável do quotidiano da sua população.

O islamismo é um código de conduta, um conjunto de valores morais que regulam o comportamento - uma espécie de código civil.

Por lá, dizem-nos, talvez com o propósito de nos tranquilizar “porque o resto da europa pensa que somos perigosos”, que “nós só nos desentendemos entre nós. Os homicídios ou rixas acontecem por questões de honra, ou seja essencialmente entre membros da família”. Orgulham-se de dizer que “o consumo de álcool e drogas no nosso país não é problemático, assim como a questão dos sem-abrigo”, precisamente “porque seguimos os ensinamentos da nossa religião”.

O que não querem mesmo é “ser confundidos com os árabes”, “somos vizinhos, professamos o islamismo, mas somos muito diferentes”.

O que também não é verdade é que tenham que “responder a todos os chamamentos para oração”, “frequentemente só respondemos ao primeiro e ao último, que é quando estamos nas nossas casas”.

Por toda a Turquia respira-se misticismo, não fosse o olho turco um dos símbolos do país.


É praticamente do senso-comum que o olho turco é utilizado como um amuleto contra o mau-olhado. Eu prefiro uma interpretação mais positiva, segundo a qual o olho ilumina e protege as pessoas, transmitindo paz.

#10 - O patriotismo

Nunca vimos um país com tantas bandeiras por m², e quando estivemos nos EUA e no Canadá achamos que eram muito patriotas!

Portugal e Turquia estão em pólos opostos quando falamos em patriotismo. A Turquia veste a camisola no matter what!

Uma das características que mais lhes admiro é este patriotismo. Aqui reside a grande força deste país e do seu povo!


A nossa viagem à Turquia levou-nos a lugares remotos, cidades vibrantes e paisagens naturais únicas.

Foi um país que testou os nossos sentidos, nos fez apaixonar pelas suas sobremesas e  desconstruíu ideias pré-concebidas. Talvez não sejam muitos os países que conseguem oferecer uma experiência tão diversificada e enriquecedora.

Se podesse, voltava já hoje! 

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