CIDADES DA EUROPA | FLORENÇA


Vindos de comboio desde Roma, entramos em Florença pela estação Santa Maria Novella (se necessitar de informação sobre viagens de comboio por Itália aceda a http://www.trenitalia.com/), junto à qual se situa a basílica com o mesmo nome. Foi a primeira grande basílica de Florença, e, sendo construída no final do séc. XV, reúne características das vertentes barroca e renascentista.

Uma vez que só conseguimos disponibilizar 24h para Florença e não somos apologistas do corre-corre para visitar o máximo de pontos possível, mais do que uma lista de lugares que gostaríamos de visitar, procuramos sentir a cidade e trazer connosco um conjunto de memórias que nos ligariam para sempre a este lugar. 

E assim foi, bastou-nos um dia em Florença para esta entrar para o nosso Top de cidades favoritas, inclusivamente com destaque na lista de lugares onde nos imaginaríamos a viver!

Florença respira e transborda arte e felizmente o seu centro histórico é relativamente pequeno e fácil de percorrer a pé. Instalados no hotel, o nosso objetivo principal foi andar pela cidade, sem falhar obviamente algumas experiências-chave.

#1 - Passar tempo na Piazza del Duomo:

O conjunto arquitetónico desta praça é composto pela Catedral Santa Maria del Fiore, pelo Campanário de Giotto, e pelo Batistério de São João. Posso dizer sem dúvida que esta é a minha praça preferida de Florença!

A Catedral, ou Duomo, recebeu o título de maior edifício da Europa medieval e é a quinta maior igreja da Europa. A sua construção deu-se por fases - a construção da catedral e cúpula terminaram no séc. XV, mas a conclusão da fachada data já do século XIX. A cúpula é a obra mais famosa de Filippo Brunelleschi.



O pormenor no trabalho em mármore desta fachada imprime à catedral uma majestosidade característica do estilo neogótico. Outra particularidade deste estilo, para além da representação de elementos religiosos, é a verticalidade das formas, o que neste caso transmite a impressão da Catedral ascender até aos céus.



A Catedral e a Torre dominam de tal forma esta praça que nos sentimos esmagados pela sua imponência.


Adjacente à Basílica vemos o Campanário de Giotto, cujas decorações esculpidas e encrustrações de mármore merecem atenção. Se pretender pode comprar bilhete para subir a torre e admirar a vista a 360º.

O Batistério de São João é, por sua vez, um dos edifícios mais antigos da cidade, terminado no séc. XII e representativo do estilo românico caracterizado por transmitir a ideologia cristã através de vitrais e esculturas.

Nesta praça podemos ainda ver o Museo dell'Opera del Duomo, comprometido com a conservação da herança arquitetónica aqui descrita, assim como outros trabalhos de arte.

Para melhor absorver a atmosfera desta cidade, sentamo-nos durante largos minutos na Piazza del Duomo, tentando dividir a atenção entre o referido conjunto arquitetónico desta praça que é de suster a respiração, os artistas de rua, e o estilo de vida dos habitantes de Florença. Os fiorentinos passam a impressão de um ritmo de vida descontraído, com uma dose qb de romantismo, como que a proclamação do dolce fare niente.


Florença, centro artístico por excelência, é também profícua em arte de rua.



#2 - Descontrair à beira do rio e observar a emblemática Ponte Vecchio de diversos ângulos: Ponte Vecchio domina a paisagem do rio Arno desde o séc. XIV, mantendo as suas funções mercantis até aos dias de hoje. 

É famosa pelas suas joalharias e ourivesarias. 

Atingida diversas vezes pelas cheias ao longo dos anos, diz-se que foi poupada por Hitler durante a II Guerra Mundial, ao contrário das pontes vizinhas.

Os principais atrativos destas ponte são o movimento que gera ao seu redor e a relação de continuidade que se cria entre a ponte, os edifícios envolventes e o próprio rio, através dos reflexos na sua água.

Por cima da ponte podemos ver as janelas do Corredor de Vasari. Este corredor liga o Palácio Vecchio ao Palácio Pitti, passando pela Ponte e pelo Ufizzi, e a sua construção foi iniciativa de Cosmo de Médici. Esta estrutura dava à família Médici a possibilidade de transitar entre um e outro palácio sem passar pela rua.



Vale a pena observar a ponte de diferentes perspetivas, inclusivamente da ponte vizinha - Ponte Santa Trinitá - e de cada uma das margens do rio.

A vista apartir da Ponte Santa Trinitá permite enquadrar a Ponte Vecchio no conjunto dos edifícios envolventes, relação que se prolonga com o próprio rio.

A Ponte Santa Trinitá está decorada com quatro estátuas alegóricas representativas das quatro estações.

Outra dica que deixo é visitar a Ponte durante o dia e voltar ao início da noite.




#3 - Passear pelo centro histórico de Florença: cidade-museu por excelência, alguns edifícios/espaços do centro histórico de Florença merecem nota.

Começamos pela Galleria dell'Accademiaresidência do David de Michelangelo, mas tendo em conta o tempo disponível optamos por não entrar. Apenas ficamos a conhecer o espaço exterior.

Seguimos para a Basílica di San Lorenzocatedral de Florença durante muitos anos, passando antes pelo mercado central ou Mercato di San Lorenzoonde pode encontrar ingredientes típicos da cozinha tuscana.

Esta Basílica é conhecida como a igreja dos Médici de Florença, pois deve a esta família algumas obras de ampliação e renovação, nomeadamente aquelas a cargo de Filippo Brunelleschi. Tornou-se um exemplar da arte renascentista e é um dos símbolos do poder dos Médici, família influente e patronos da arte entre os séculos XV e XVIII. Rodeados de artistas, os Médici imprimiram uma enorme riqueza artística a esta igreja, que era a sua preferida. No seu interior encontra cenas do Antigo e Novo Testamento esculpidas por Donatello, cujo túmulo também aqui se encontra. Unindo talentos, Brunelleschi e Donatello deixaram o seu cunho na cúpula da sacristia velha, onde vemos reproduzida a posição das estrelas e planetas numa dada noite no ano de 1442.

Podem ainda visitar a Biblioteca, os Jardins e a Sala do Tesouro. A Sacristia Nova e a Capela dos Médici tinham acesso direto pela Catedral no entanto atualmente pertencem ao museu do estado e a entrada é independente.

Prosseguimos para a Piazza del DuomoPiazza della Repubblica, Piazza della Signoria, Piazzale degli Uffizi, Ponte Vecchio e Ponte Santa Trinitá que merecem atenção noutros pontos deste post.


Atravessando a ponte, terminamos o roteiro no Palazzo Pitti. De inspiração renascentista, este palácio data do séc. XV e foi residência da família Médici, assim como das sucessoras famílias governantes e Gran Duques da Toscana. No final do séc. XVIII foi ocupado por Napoleão e mais tarde como residência real após a unificação do país.

Característico desta poderosa família, o espólio artístico do palácio - quadros, pratos, joías e outros artigos de luxo - foi crescendo progressivamente. Hoje em dia, o palácio divide-se em várias galerias e museus.

Para o ajudar em termos de orientação visual, deixamos aqui o mapa dos pontos percorridos.





#4 - Relaxar numa esplanada na Piazza della Repubblica: Localizada no lugar do antigo forum romano e posteriormente de um mercado, a Piazza della Repubblica transborda vida.

Reservamos algum tempo para relaxar numa das esplanadas desta praça, espaço de convívio e palco de artistas. Na verdade, as memórias que criamos desta praça, arquitetonicamente menos rica do que as outras, foram enriquecidas pela performance de uma artista de rua, cantora de ópera.

Nesta praça 2 elementos se destacam - a Colonna dell'Abbondanza, remanescente do mercado antigo aqui situado - Mercato Vecchio; e o Arco Triunfal, emblemático por marcar tempos de mudança e assinalar a centralidade deste praça.

#5 - Apreciar o detalhe dos elementos da Piazza della Signoria: Esta praça materializa a fama de Florença de ser um Museu ao ar livre. Representa também o centro político da cidade.

Reservamos algum tempo para admirar a paisagem artística desta praça - com destaque para o Palazzo Vecchio, a réplica de David, a Fonte de Neptuno, a Estátua Equestre de Cosme I de Medici e a Loggia dei Lanzi.

Anterior residência ducal e de magistrados, o Palazzo Vecchioconstrução do séc. XIV, é a sede do município de Florença. Na torre do palácio - torre de Arnolfo - foram mantidos prisioneiros, entre outros, Cosme de Médici Girolamo Savonarola.


Vemos duas estátuas em frente ao palácio, enquadrando a porta principal. A estátua da esquerda dispensa apresentações - é a réplica de David, a famosa obra de Michelangelo, cujo original se encontra na Galleria dell’Accademia, desde finais do séc. XIXO mármore da direita, de Baccio Bandinelli, representa Hércules e Caco.

O palácio, por sua vez, é ladeado pela Fonte de Netuno, obra do séc. XVI da autoria de Ammanati. Esta imponente fonte merece uma atenção demorada aos seus detalhes.
A decapitação de Holofernes por Judith é uma cena comum na arte Barroca e Renascentista, sendo também tema da estátua de bronze de Donatello situada em frente ao palácio.

estátua equestre de Cosme I de Medici, é uma homenagem ao duque de Florença, e primeiro Grão Duque da Toscana. Marcou a história da cidade pela sua preocupação pela defesa militar e gosto pela arte - é responsável pela criação das Galerias Uffizzi, e pela construção do lar dos Médici - Palazzo Pitti e os seus jardins Boboli.

Loggia dei Lanzi emancipa a riqueza artística desta praça e estabelece continuidade com as Galerias Uffizi. Voltada para a Piazza della Signoria, é uma galeria ao ar livre que abriga esculturas impressionantes. Construída no séc. XIV, representa outro simbolo do poder dos MEdici durante o séc. XVI, que construiram o teto sobre a galeria de onde assitiam as cerimonias na praça.

Esta galeria merece tempo para que sejam contemplados todos os pormenores do seu soberbo conjunto de esculturas. Para fugir da agitação turística, visite a galeria durante a noite altura em que as suas estátuas são engrandecidas pela iluminação.

Contornando a galeria entramos no espaço do Palazzo degli Uffizi, que abriga a Galleria degli Uffizi, um dos mais antigos e famosos museus do mundo.

Como já referido, este palácio foi projetado na segunda metade do séc. XVI por ordem de Cosmo I de Medici, com o objetivo de receber os escritórios dos magistrados, que assim ficariam sobre direta supervisão apartir do Palazzo della Signoria, hoje Palazzo Vecchio.

No final do séc XVI, por volta de 1580, Francesco di Médici, transportou a sua coleção de arte para o primeiro andar do palácio. A disposição destas obras é outra manifestação do poderio desta família. Esta ideia foi ganhando volume e dando origem a novas alas expositivas, até que, com o fim da era dos Medici, a Galleria degli Uffizi foi aberta ao público em 1769.

Apesar de não termos visitado este museu, por uma questão de gestão de tempo, já que perderíamos eternidades a visitá-lo, pretendemos voltar a Florença para o fazer!

As suas arcadas em forma de U recebem uma das maiores concentrações de artistas de rua de Florença.

#6 - Visitar a Sinagoga e o Museu Hebraico de Florença: Enquanto deambulávamos pela cidade encontramos a Sinagoga e não hesitamos em entrar. Como grandes curiosos dos meandros da II Guerra Mundial queríamos conhecer melhor a história dos judeus italianos e suas famílias afetadas pela perseguição; por outro lado, adoramos conhecer novas culturas e perceber outros pontos de vista, um dos principais motivos de gostarmos tanto de viajar!

Conhecida por Tempio Maggiore, a Sinagoga de Florença impressiona pela sua imponência. Falamos não só da cúpula verde, que efetivamente se destaca nos céus de Florença, mas também dos arabescos da enorme portas, ou nas pinturas que cobrem as paredes do seu interior.

Fomos recebidos por uma simpática senhora que nos falou sobre os rituais e particularidades da religião judaica e dos seus costumes. Após esta simpática e elucidativa recepção, subimos ao museu hebraico, onde ficamos a conhecer a trajetória judaica nos últimos anos. Aprendemos muito e saímos impressionados!

Em Roma não tínhamos conseguido visitar a Sinagoga por ser Sábado e estar tudo fechado, e ainda bem, porque a visita à Sinagoga de Florença valeu mesmo a pena! 

Nota: temos que guardar num cacifo (do qual nos dão as chaves) as mochilas, bolsas, telemóveis, câmaras ou qualquer tipo de material eletrónico.

#7 - Apreciar o talento dos artistas de rua e comprar uma tela: Em Florença começamos a tradição de comprar telas na rua por todas as cidades europeias por onde passamos! (nunca sem antes confirmar a originalidades das mesmas e as credenciais dos pintores.)

Florença é profícua na arte de rua, e a pintura obviamente não é uma exceção. Por toda a cidade encontrará artistas, e uma das nossas regras é nunca comprar aos primeiros, pois sempre acabamos por encontrar melhores ofertas.

#8 - Encontrar uma gelataria e comer um gelado: Não deixe de comer um gelado! Em Florença comi os melhores gelados da minha vida! 

É curioso que tanto em Veneza como Florença reparamos na prática que existe de comer um gelado pela tarde.

Uma das principais memórias que trago de Itália são as gelatarias, com um banco à porta, onde as pessoas convivem ou se sentam para saborear um gelado enquanto lêem um livro. Esta imagem romântica ficou para sempre associada a Florença, sendo um dos exemplos máximos do estilo de vida descontraído que senti nesta cidade.

#9 - Se conseguir chegar ao Piazzale Michelangelo terá na minha opinião a melhor vista sobre a cidade!

#10 - Trazer todas estas razões para voltar a Florença, uma e outra vez!

Comentários

  1. Meu deus, como Florença é maravilhosa! Sempre sonhei em visitar e depois do seu post fiquei com mais vontade ainda! :)

    ResponderExcluir
  2. Florença é, sem sombra de dùvidas, uma das cidades mais lindas da Itàlia.... Eu fiquei horas e horas admirando de todos os cantos possìveis a cùpula de Bruneleschi.... é certamente uma cidade "da visitare e ritornare"!
    ;)

    ResponderExcluir
  3. Adoro as fotos!! Tanta gente nas ruas...mas Florença é Florença não é mesmo ?? E nós por aqui ainda não visitámos, espero que consigamos em breve pois é uma cidade cheia de história. Muito boas dicas!!Obrigado.

    ResponderExcluir
  4. Que demais o seu roteiro, Janete! Florença parece muito encantadora. Ainda não conheço a Itália, mas espero conseguir ainda esse ano, está nos meus sonhos e planos.

    ResponderExcluir
  5. Florença é simplesmente maravilhosa! Adorei ler esse relato e matar um pouco da saudade. Quero muito voltar.

    ResponderExcluir
  6. Quero super conhecer Florença e adorei as dicas e relatos sobre sua experiência. É muito bom saber o que acha sobre e as dez melhores coisas pra fazer já ajuda bastante no planejamento.

    ResponderExcluir

Postar um comentário