AÇORES | Roteiro de 3 dias na Ilha de São Jorge

A Ilha de S. Jorge situa-se no grupo central do arquipélago dos Açores, formando, com o Pico e Faial, pela proximidade entre as 3, as Ilhas do Triângulo.

A primeira vez que visitamos S. Jorge, não levamos muito tempo a formular a primeira impressão sobre a ilha. No bom sentido da expressão, o tempo parece parar quando estamos em S. Jorge. Invariavelmente, é esta a sensação que temos.

Durante longos kms não se veêm pessoas ou casas. Impera a imensidão da natureza. Somos nós e a natureza: azul e verde, escassamente salpicados de branco e cinza, a cor predominante das casas. S. Jorge é uma das ilhas açoreanas mais intocada pela mão humana.

Neste post iremos deixar sugestões para 3 dias em S. Jorge, tomando como exemplo que tem base estabelecida na Vila da Calheta. Caso opte por estadia noutro ponto da ilha, é uma questão de readaptar à sua localização as sugestões que aqui deixamos.

Se pretender dicas mais específicas em termos de logística pode consultar o nosso post no blogue Açores|Dicas práticas para visitar as Ilhas do Triângulo.

Dia 1 - da Calheta ao Topo

No primeiro dia, vindos de avião pela ilha Terceira e depois de almoçarmos na Calheta, e de nos instalarmos naquela que seria a nossa casa durante 2 noites, visitamos a parte Este da ilha.

Na viagem entre a Vila da Calheta e a Vila do Topo, parece que somos engolidos pelas montanhas para depois sermos atirados ao mar pelas rochas escarpadas. A agressividade da natureza é impar! Que pequeno é o homem face à força da Natureza!

As paisagens durante este percurso são deslumbrantes. Fomos sempre acompanhados pela neblina. Não tivemos a sorte de apanhar céu limpo, mas nem por isso as vistas foram menos espetaculares.

Esteja atento ao Miradouro da Canada do Pessegueiro. Nos dias descobertos consegue uma vista que se estende das falésias de S. Jorge até à ilha do Pico.

Dependendo do tempo que dispõe e da sua condição física não deixe de fazer um trilho nesta zona. Veja aqui um de 3 trilhos a partir do Topo. Se o fizer recomendo acrescentar mais um dia à sua estadia em S. Jorge.

Prosseguindo até à Ponta do Topo, a ilha termina literalmente no farol, de onde avistamos a Ilha Terceira.

Detenha-se no Miradouro da Ponta do Topo, para apreciar a vista próxima para o ilhéu, farol e casaria envolvente, até à imensidão do mar pelo canal que vai tocar na Ilha Terceira.

Pela proximidade, o Topo e a freguesia de Santo Antão foram muito afetadas pelo Sismo de 1980 que abalou a ilha Terceira, destruindo 80% dos edifícios de Angra do Heroísmo.

No regresso ficamos pela Vila do Topo, na nossa opinião a mais pitoresca de S. Jorge e uma das mais pitorescas dos Açores. Considera-se que a arquitetura desta vila é inspirada na cidade de Angra do Heroísmo.

Desconhecendo a restauração local encontramos o restaurante “O Caseiro”. Gostamos do aspeto e a refeição não desiludiu. A ementa é muito simples, pouco criativa, mas a comida era caseira, bem confecionada, e as funcionárias simpáticas. Foi do melhor que encontramos em S. Jorge!

A caminho de casa descemos à Fajã dos Vimes onde havia animação musical, para a qual fomos convidados mal chegamos à ilha.

Dia 2 - Rosais e Fajãs

No dia seguinte saímos (da Calheta) em direção à Fajã das Almas. Nesta fajã fica o Restaurante Maré Viva - A Cozinha do Tozé, com serviço de buffett e comida confeccionada com produtos locais frescos. É considerado por muitos o melhor restaurante da ilha. No entanto, só atendem mediante reserva prévia. 

A vista para o Pico é espetacular e fica sobre uma zona balnear, ideal para um banho antes do almoço ou jantar. Não se deixe assustar pelo acesso!

Desde o Miradouro da Ladeira pode não só observar a fajã como a costa e falésias da ilha, e as ilhas vizinhas do Pico e Faial.

Seguimos em direção aos Rosais, para visitar o farol na outra ponta da ilha - O Farol dos Rosais, mas antes paramos no Miradouro da Ponta das Eiras e Miradouro da Ponta da Queimada.

O Farol dos Rosais foi severamente atingido pelo Sismo de 1980, cujo maior impacto foi sofrido na ilha Terceira. Está, desde então, desocupado.

Encontramos um farol abandonado, e um cenário apocalíptico.

Se olharmos atentamente, percebemos que a torre do farol está inclinada.

A natureza começa a apoderar-se de uma das casas anexadas ao farol, onde viveram famílias dos faroleiros aqui destacados.

À saída é imperdível subir à antiga vigia da baleia, hoje conhecida como Miradouro da Ponta dos Rosais.

Daqui vemos a ilha Graciosa.

O próximo destino é o Parque Florestal Sete Fontes, onde encontra espécies introduzidas e endémicas da Macaronésia. Dedique algum tempo para passear no parque. Pode levar uma merenda e relaxar por ali.

Este Parque ostenta dois miradouros - o Miradouro do Pico da Velha com vista para as ilhas vizinhas Faial e Pico e o Miradouro da Fajã de Fernando, que oferece um dos ângulos mais espetaculares sobre as falésias e fajãs, e ainda vista para a ilha Graciosa e a ilha Terceira. Entre estes dois pontos conseguimos ver todas as ilhas do Grupo Central. É uma experiência memorável!

Descemos à Fajã do Ouvidor, mas não sem antes fotografar desde o miradouro.

Nesta fajã, a Poça Simão Dias é uma das formações geológicas mais conhecidas da ilha. Estacionamos o carro e caminhamos até à zona balnear.

A envolvência destas piscinas é única no arquipélago.

Testemunhar o contraste de tons e texturas vale o percurso. Esta rocha é nada menos do que espetacular.

De volta à Calheta descemos à Fajã Grande ou Fajã de Vicente Dias, que tem uma das minhas zonas balneares preferidas desta ilha.

Ainda conseguimos ir ao Miradouro da Fajã dos Bodes, e ao Miradouro da Fajã dos Vimes com direito a uma descida às fajãs. Passando pelo Miradouro para a Fajã dos Cubres, é impossível não parar para fotografar!

Depois de jantar pela Calheta, recolhemos para descansar. O dia seguinte começaria cedo!

Dia 3 - Fajã dos Cubres, Fajã de Santo Cristo e Vila das Velas.

O último dia foi reservado para a visita à Fajã de Santo Cristo. Pela manhã deixamos o carro na Fajã dos Cubres, ponto de partida para o trilho para a Fajã de Santo Cristo. É um percurso que se faz bem a pé, mas se preferir pode fazê-lo de moto 4.

Relaxar na fajã e nadar nas suas àguas é uma das experiências mais emblemáticas de uma visita a S. Jorge. 

O contraste das cores parece surreal.

Almoçamos o farnel preparado em casa e ao início da tarde fizemos a viagem de regresso, porque se aproximava uma tarde de chuva.

O resto da tarde foi dedicado a passeio pela Vila das Velas e ao fim do dia partimos em direção à ilha do Pico.

Acompanhados por golfinhos, assistimos ao pôr-do-sol no mar.